

Um Épico de Cordel
No coração do sertão nordestino existe mais do que a caatinga que os olhos podem ver. Sobre ele, invisível aos desavisados, repousa a Encantaria, também chamada Terra do Encantado — um mundo puro e ancestral, onde outrora viviam apenas espíritos de luz e criaturas míticas.
De acordo com a tradição indígena, é ali que habita o guardião espiritual do Nordeste: o Asa Branca, ou Apó Tinga, o Senhor das Asas Brancas. Um colossal carcará, com quase dez metros de envergadura, cujas penas brancas brilham como lâminas ao sol. Criado por Deus para proteger o sertão, ele mantinha a harmonia entre o mundo dos homens e o mundo encantado.
Mas essa paz foi quebrada quando o Coisa-Ruim — o Capeta, o Cão — semeou o mal nos corações humanos. Trouxe a seca, libertou visagens pela caatinga e espalhou horrores: Corpo-Seco, Sete-Pele, Cabra Cabriola, Encourados e outras pragas que espreitam na sombra.
A Lenda de Asa Branca é o relato desse sertão místico, ambientado no ano 1900, no nordeste do Brasil, onde o sagrado e o profano se cruzam, onde o destino dos homens é disputado por forças celestes e infernais, e onde a coragem pode ser tão afiada quanto o gume de uma peixeira.
